Crianças participam de oficina de cerâmica no atelier
No finalzinho de outubro, o atelier de Hideko Honma passou por uma experiência diferente: trinta crianças de 8 e 9 anos, da Escola Waldorf Rudolf Steiner, vieram conhecer o local e participaram de uma oficina especial de cerâmica. Elas experimentaram o torno, moldaram argila para fazer pratinhos e esmaltaram copos.
O formato da oficina foi pensado, em conjunto, por Hideko e pelas mães e professoras da escola, para que essa atividade fosse integrada da melhor maneira possível à programação pedagógica dessa turminha, que se mostrou muito animada e interessada por tudo.
Juliana Pessoa, uma das mães – e também aluna de Hideko -, explicou que as crianças já haviam visitado uma olaria neste ano, para entender como se fazem tijolos. Agora, no atelier, elas puderam ver um refinamento no manuseio da terra, com a transformação da argila em objetos mais delicados e coloridos. Segundo Juliana, essas atividades trazem a oportunidade de as crianças terem “um olhar sobre todo o caminho do refinamento humano”.
Ver e vivenciar
No torno, as crianças puderam experimentar como é aplicar diferentes pressões na argila, fazendo-a subir e descer e ganhar diferentes formas. Hideko mostrou a elas a importância da respiração e da postura correta para “acalmar” e centralizar a argila.
Nas mesas, os jovens fizeram pequenos pratos de argila, com direito a aplicar desenhos e assinaturas próprios. Já em outro momento da oficina, eles esmaltaram copos (nesse caso, os biscoitos já estavam prontos, preparados pelo atelier).
Assim, as crianças não só viram, mas puderam vivenciar como é fazer cerâmica. Durante a oficina, muitas delas ficaram animadas, pedindo para voltar ou para fazer aulas.
Já perto do fim das atividades, Hideko sentou-se à frente do torno e produziu uma peça, diante de um público muito atento e espantado com tudo que via. “É mágica!”, disseram as crianças ao ver como a argila ia ganhando forma rapidamente.
“Não é mágica, mas o resultado de muita dedicação”, explicou a elas Anna Maria Karassawa, professora da classe. “O estudo das profissões faz parte do currículo da escola, e fazemos várias visitas para as crianças perceberem que tudo precisa de empenho, pois as coisas não nascem prontas”, disse Anna.
“Esta oportunidade, no atelier, foi além das minhas expectativas. As crianças viram algo belo e vão levar a mensagem de que, para fazer algo com perfeição, é preciso dedicação, e é assim com tudo na vida”.
Ritmo e tempo
A oficina durou uma manhã, mas a proposta da atividade ainda não acabou! Hideko irá esmaltar e preparar os pratinhos que cada criança fez, mais os copos que elas esmaltaram, para a queima no forno.
“Vou pegar essa vivência que elas tiveram no atelier e a expectativas delas e colocar tudo no forno. Vou controlar a temperatura, a entrada e a saída do oxigênio lá dentro. E o fogo trará as cores das peças para fora”, explicou. Portanto, as crianças ainda terão que aguardar um pouco para “concluir” esta atividade.
Segundo Juliana, essa espera contribui para elas entenderem que tudo tem seu tempo e ritmo, para respirar, para amadurecer, para sedimentar. Esses aspectos fazem parte, inclusive, do processo de aprendizado de uma forma geral, explicou. Hideko concorda. “Esperar, respirar, são coisas importantes. Pensando bem, sempre fiz isso, nos meus próprios aprendizados como ceramista”.
Para a ceramista, a experiência foi positiva e cheia de surpresas. “As crianças tinham consciência de que existe uma relação entre arte e objeto utilitário. Talvez tenha havido um preparo sobre isso na escola ou no ambiente familiar. Algumas queriam fazer objetos de arte, outras queriam fazer um copo para poder usar. Essa discussão entre elas, muito saudável, me chamou a atenção”.
Hideko irá encontrar as crianças novamente em março do ano que vem, para entregar os pratos e os copos. Provavelmente ficarão surpresas com as peças, que terão cores e brilhos diversos. Será que irão reconhecê-las? Aguardem as novidades!