Em busca da chawan: no Japão
Dias intensos, recheados de experiências incríveis, muitos aprendizados e novas ideias. Foi com essa sensação boa que Hideko Honma voltou de uma viagem que fez ao Japão com um grupo de alunos, em novembro. O grupo, carinhosamente batizado de “Delegação Brasileira Em Busca da Chawan”, visitou museus e ateliês de cerâmica e se encontrou e conversou com renomados mestres ceramistas.
O roteiro incluiu o Festival Internacional de Cerâmica em Sasama, na província de Shizuoka; o centro de cerâmica Kutani, nos arredores de Kanazawa; e visita à fazenda Koiwai, na província de Iwate, que, além de ser conhecida pela produção de leite e derivados, também abriga construções históricas, consideradas tesouros nacionais.
O grupo foi ainda a Hakodate e Sapporo, na província de Hokkaido, para visitar mais ateliês e museus; a Mashiko, um importante centro produtor de cerâmica, na província de Tochigi; e ao Towada Art Center, na província de Aomori. Tudo envolvido por aquele colorido tão especial que a paisagem japonesa ganha nesta época do ano, no outono.
Essa viagem foi especialmente organizada para que o grupo pudesse ser recebido pelos próprios ceramistas, nos diferentes locais por onde passaram. Para isso, Hideko contou com a ajuda de seu professor da época em que estudou cerâmica em Arita, mestre Akio Kanaiwa.
“Quis fazer essa viagem agora porque, depois do Chawan Project, senti que precisava revisitar a chawan, ver tudo com um novo olhar”, conta Hideko. Essa experiência levou a algumas reflexões. “Percebi que não há uma receita pronta na cerâmica. Há tantas regras, mas, por outro lado, é tão aberto!”, disse.
Encontros e reencontros
Um momento especial foi o reencontro com o grão-mestre Ôhi Chozaemon XI, em Kanazawa. Ele, que realizou um workshop no atelier de Hideko em janeiro deste ano, recebeu o grupo e passou um dia com eles, mostrando sua casa, o museu da família e os arredores.
Outro ponto alto da viagem foi a ida a Mashiko, uma região perto de Tokyo, famosa por sua cerâmica, onde há museus e diversos ateliês (como a foto no começo deste post).
Mashiko também é onde vive e trabalha outro mestre da cerâmica, Ken Matsuzaki, cujo trabalho Hideko sempre admirou. “Ele traz um lado orgânico, natural, ao seu trabalho, que acredito que a cerâmica precisa ter. Mas também há excelência no acabamento das peças, um respeito pela técnica até o fim”, comenta.
Em Mashiko, o grupo foi recebido pela esposa do ceramista, pois mestre Ken estava em Tokyo, para uma exposição. Assim, quando chegou à capital japonesa, a delegação brasileira também conferiu a mostra e admirou as peças de mais esse mestre ceramista.
Emoção na exibição do documentário Chawan Project
Em Tokyo também aconteceu um evento marcante para o grupo. No dia 12 de novembro, o documentário Chawan Project: Um Universo em Suas Mãos foi exibido, em sessão exclusiva, na Embaixada do Brasil.
Na ocasião, Hideko conversou longamente com o embaixador Eduardo Paes Saboia, sobre o que é a chawan. “O embaixador disse que a cerâmica é a concretização da ponte, da união, que há entre o Brasil e o Japão”, conta ela.
Todos se emocionaram ao assistir novamente ao documentário, desta vez com um olhar mais experiente, de quem acabara de vivenciar novas sensações com a cerâmica, após dias de viagem.
Agora, de volta ao Brasil, Hideko está animada com novas ideias de projetos e trabalho, com o espírito renovado. Preparem-se para 2020!
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