Um mergulho na alma da chawan: o lançamento de A Poética da Chawan Japonesa no Instituto Tomie Ohtake

Um mergulho na alma da chawan: o lançamento de A Poética da Chawan Japonesa no Instituto Tomie Ohtake

28 de outubro de 2025 Off Por bloghideko

Na manhã de 13 de setembro, o hall do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, se transformou em um verdadeiro espaço de contemplação e beleza silenciosa. Ali, entre ikebanas em construção, o aroma do chá matcha e a presença de artistas, estudiosos e admiradores da cultura japonesa, foi lançado o livro A Poética da Chawan Japonesa: Concepção, Arte e Emoção, organizado por Hideko Honma e Juliana Gioia Negrão.

Mais do que um simples lançamento editorial, o encontro foi uma celebração do espírito que permeia o livro — a união entre arte, filosofia e emoção que habita cada tigela de chá.

A mesa-redonda

Mediada por Jo Takahashi, a mesa-redonda reuniu uma das autoras do livro, a ceramista Hideko Honma, Mestre Sôichi Hayashi, representando o Centro Chadô Urasenke do Brasil, o jurista e magistrado Masami Uyeda, a curadora Ana Roman e a ceramista e professora Acácia Azevedo, autores que integram a coletânea. Cada um trouxe à conversa um olhar próprio sobre a chawan — esse objeto aparentemente simples, mas repleto de significados estéticos, espirituais e simbólicos.

Hideko Honma abriu o diálogo compartilhando a origem do projeto e sua vivência íntima com o barro e o silêncio. “Fazer uma chawan é meditar com as mãos”, resumiu, em uma fala que capturou o espírito do livro e da cerimônia do chá.

Na sequência, Mestre Sôichi Hayashi, presidente do Centro de Chadô Urasenke do Brasil, falou sobre a prática do chá como caminho de refinamento humano e da difusão dessa tradição no país. O ministro Masami Uyeda, por sua vez, revelou a delicada arte de compor haicais — muitos deles presentes no livro — e o poder de síntese poética contido em três versos.

Ana Roman, superintendente artística do Instituto Tomie Ohtake, abordou a chawan sob a ótica da curadoria: um objeto que convida à introspecção e à escuta interior. Já a ceramista Acácia Azevedo destacou os esmaltes como memória e narrativa, lembrando que cada camada de cor é também uma história contada pelo fogo.

Arte em movimento

Enquanto as falas se sucediam, o público acompanhava a montagem ao vivo de uma ikebana pela professora Tamako Yoshimoto (escola Sôgetsu-ryu) e, em seguida, uma demonstração de cerimônia do chá conduzida pelo Mestre Sôichi Hayashi e Iumi Takeda, com apresentação de Fabiana Kuwajima, do Centro Urasenke do Brasil.

O contraste entre o gesto efêmero da ikebana e a solenidade do chá deu ao evento uma atmosfera de harmonia e quietude — como se cada ato fosse um prolongamento da própria leitura do livro.

Participaram da cerimônia do chá, personalidades como Ricardo Ohtake, presidente do conselho do Instituto Tomie Ohtake, Márcio Gomes, âncora da CNN, a jornalista e escritora Taiga Gomes, a curadora de design Adélia Borges, entre muitos outros.

Um objeto, muitas camadas

Com projeto gráfico da Afluente Editora e direção de arte de Sayuri Takamatsu, A Poética da Chawan Japonesa reúne ensaios, depoimentos e fotografias de artistas, ceramistas e mestres do chá. A obra também traz haicais de Masami Uyeda e imagens de Rafael Salvador, revelando a beleza das mãos que moldam e acolhem.

Durante o lançamento, Hideko Honma autografou exemplares, incluindo uma edição especial limitada, acondicionada em caixa de madeira produzida por Paulo Alves Design e acompanhada de uma chawan exclusiva criada por Hideko — uma verdadeira peça de colecionador.

Beleza compartilhada

Ao final da manhã, o público pôde experimentar a mesma sensação que inspira o livro: a de segurar uma chawan nas mãos e, por um breve instante, sentir-se parte de algo maior. Uma experiência de presença, estética e comunhão — como a própria cerâmica de Hideko Honma.