Mitsue Yuba fala de suas experimentações com chawan
SFoi com muita simpatia e um jeito autêntico de ser que Mitsue Yuba falou sobre sua relação com a cerâmica e suas chawans, em mais uma palestra do Chawan Project, realizada na manhã de 16 de novembro, na Japan House, em São Paulo.
Mitsue nasceu e cresceu em Yuba, uma comunidade agrícola localizada a 600 km da capital paulista, onde prevalece um forte espírito comunitário, em que tudo é de todos, todos zelam por tudo e todos zelam por todos. Além do trabalho com a terra, de onde tiram seu sustento, os moradores de Yuba também são conhecidos pela dedicação às artes, como dança, pintura, escultura. E, no caso de Mitsue, também à cerâmica.
Ela foi a sexta palestrante do Chawan Project, que tem a curadoria de Hideko Honma, o patrocínio da Portobello e o apoio da Japan House e da Fundação Japão. Desde junho, um ceramista é convidado a cada mês para contar como é fazer uma boa chawan. As histórias viram verdadeiras aulas sobre estudo, paciência e técnicas em torno da cerâmica.
Num clima de bate-papo, Mitsue mostrou que sua relação com a cerâmica – e com a chawan – é de muitas experimentações. Quando criança, gostava de fazer tigelas com os barros de diferentes cores que encontrava no açude, e as colocava para secar ao sol. Mas não entendia por que elas se dissolviam quando chovia.
Um dia, o avô lhe contou que se aquele barro passasse por um processo de queima, viraria uma chawan de verdade. Mitsue passou a ler sobre o assunto nos livros do avô. Também estudou cerâmica em Kyushu, no Japão, e depois, de volta ao Brasil, com a ceramista Shoko Suzuki.
Foi o irmão de Mitsue quem construiu os tornos e fornos (em estilo Noborigama) que ela usa. Na base de tentativas e erros, a ceramista percebeu que o eucalipto era melhor do que a aroeira para a queima, assim como entendeu como fazer o esmalte e os desenhos que gosta de aplicar em suas peças.
Participação especial
A palestra também contou com a participação de Madoka Hayashi, vice-presidente do Centro de Chado Urasenke do Brasil e vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa. Segundo Mitsue, a professora Hayashi mostrou muitas chawans para ela, na época em que ela havia começado a estudar cerâmica.
A professora Hayashi disse que, ao se tomar chá na chawan, o importante é que líquido chegue à boca de forma macia, suave. “Não há regra sobre tamanho, forma ou peso de uma chawan, mas é preciso haver uma sensibilidade, por parte de quem faz cerimônia do chá, de perceber se a peça está pesada ou leve ao usá-la. Assim ele escolhe sua chawan, e uma boa chawan pode durar décadas”, explicou.
Ao final, Hideko Honma fez uma breve análise das palestras. “Durante o Chawan Project, percebemos que alguns ceramistas usam regras bem específicas, buscam a tradição, pegam sua própria experiência e fazem o que consideram melhor para seu trabalho e obras. E há aqueles que trabalham de forma mais livre. Existem contradições, e assim é o mundo da chawan”.
O próximo dia de Chawan Project será em 15 de dezembro, com uma mesa-redonda muito especial, formada por especialistas de diferentes áreas, como design e gastronomia. Será o último evento desse ciclo de debates, e acontecerá na Japan House, que fica na Avenida Paulista, 52, próximo à estação Brigadeiro do Metrô. As senhas serão distribuídas uma hora antes do início. Não percam!
Acompanhem as novidades no Facebook @chawanproject.
Aqui no blog você também pode ver como foram as palestras de Souichi Hayashi, Kenjiro Ikoma, Akinori Nakatani, Kimi Nii e Shugo Izumi.
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